'Viadinho é você, e eu não sou', disse agressor de Victor Meyniel enquanto o espancava, segundo o ator
'Viadinho é você, e eu não sou', disse agressor de Victor Meyniel enquanto o espancava, segundo o ator
O autor das agressões, o estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre, deu dezenas de socos no rosto de Victor, durante quase 40 segundos. Segundo o ator, o 'estopim' foi após ele questionar se Yuri não era assumidamente gay. Victor Meyniel relembra o que escutou do agressor Yuri: 'Viadinho é você, e eu não sou'
Em uma entrevista exclusiva ao Fantástico neste domingo (10), o ator Victor Meyniel falou sobre as agressões que sofreu na portaria de um prédio em Copacabana. O autor das agressões, o estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre, deu dezenas de socos em Victor, durante quase 40 segundos.
Segundo o ator, o 'estopim' foi após ele questionar se Yuri não era assumidamente gay.
"Momento que eu falo e indignado completamente, frustrado e com raiva, perguntando porque que ele tinha feito aquilo, se ele não era assumido. Enquanto ele me batia, ele falava: 'viadinho é você, e eu não sou'", relembra.
Veja, abaixo, o relato completo:
O desentendimento
Segundo Victor, ele conheceu Yuri do lado de fora de uma boate e foi convidado para a casa dele. Eles beberam vinho e assistiram a um clipe juntos. Quando a companheira de apartamento de Yuri, Karina de Assis Carvalho, chegou em casa, a situação ficou desconfortável. De acordo com o ator, houve um desentendimento entre Yuri e Karina, e ele tentou quebrar o gelo.
“Ela chegou por volta das 7h30 mais ou menos do plantão e ficou um clima completamente desconfortável. Ele ficou frio, completamente frio, distante. Eles começaram a se desentender entre eles, pois a porta estava destrancada e ele tinha aberto um vinho dela. Então eu comecei a me sentir nervoso, acuado, meio esquisito e comecei a quebrar o gelo porque eu sou assim, eu tenho essa personalidade”, relata.
No entanto, à polícia Karina alegou que Victor teve um comportamento debochado e invasivo, entrando sem bater na porta do quarto dela em várias ocasiões. Victor negou essas acusações e que tenha visto Karina nua.
"Bati na porta, ofereci um prato de comida a ela, conversei com ela. Perguntei do signo dela, brincando", relata.
Início da discussão entre Victor e Yuri
A situação escalou quando Yuri saiu do apartamento para a academia e Karina enviou várias mensagens pedindo a ele que voltasse. Segundo Victor, as agressões começaram assim que Yuri entra em casa.
"Quando ele subiu, ele já numa agressividade... Nossa, bizarra. Me colocou para fora do apartamento. Me expulsou, e me empurrou, eu caí, eu caí no corredor, e eu comecei a ficar tentando entender na minha cabeça o porquê daquela situação, daquele ato agressivo. Por ambas as partes. Não rolou nenhum tipo de conversa comigo de que eu estava sendo, na visão deles, inconveniente, jamais."
Imagens da câmera de segurança mostram que os dois discutiram por cerca de 1 minuto no andar, com a porta aberta. Victor aparece tentando abrir a porta e segue falando por mais um minuto. Na versão de Karina à polícia, o ator teria ameaçado Yuri, mas o ator contesta.
"Eu estava com raiva pela situação que eu passei e eu falei assim: 'você não tem que agir assim.'"
O estopim
Victor desceu para o térreo por um elevador, e Yuri por outro. Ao todo, foram quatro minutos de discussão entre os dois, a maior a parte na frente do porteiro que assiste a tudo.
"Eu ia embora, eu estava na portaria para isto, mas ele veio falar comigo e teve uma hora que quando a gente estava andando pelo hall, ele me empurra e eu fico mais revoltado ainda pela agressão mínima que seja."
O ator destaca o momento em que a discussão passou para a agressão. O "estopim", segundo Victor, foi após ele questionar se Yuri era assumido' quanto à sexualidade dele.
"Momento que eu falo e indignado completamente, frustrado e com raiva, perguntando porque que ele tinha feito aquilo. Se ele não era assumido".
Yuri deu o primeiro soco e espancou Victor no rosto por 37 segundos. O porteiro do prédio, Gilmar José Agostini, presenciou as agressões, mas não interveio imediatamente. Ele foi acusado de omissão de socorro.
"Não é sobre os porteiros. É sobre prestar socorro, é sobre ser empático, humano. Ele chamou o síndico depois de eu ter ligado para o 190".
Prisão
Yuri foi preso em flagrante por lesão corporal, falsidade ideológica e injúria por preconceito de natureza homofóbica. Durante a audiência de custódia, a prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva. Agora o caso passa a ser analisado pelo Ministério Público.
Para a defesa de Yuri, o estudante de medicina não é homofóbico.
"A gente afirma que não há homofobia porque o motivo que esta se falando de homofobia no processo, né, foi que as agressões teriam sido feitas a partir da revelação da identidade sexual do Yuri. Como essa identidade sexual, ela nunca foi ocultada, ele nunca teve problema que as pessoas soubessem que ele tem a identidade sexual homoafetiva, isso não seria motivo para que ele viesse a agredir qualquer pessoa que fosse", diz Lucas Oliveira, advogado.
"Quanto à lesão corporal, não há dúvidas que ocorreu como vimos
O autor das agressões, o estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre, deu dezenas de socos no rosto de Victor, durante quase 40 segundos. Segundo o ator, o 'estopim' foi após ele questionar se Yuri não era assumidamente gay. Victor Meyniel relembra o que escutou do agressor Yuri: 'Viadinho é você, e eu não sou'
Em uma entrevista exclusiva ao Fantástico neste domingo (10), o ator Victor Meyniel falou sobre as agressões que sofreu na portaria de um prédio em Copacabana. O autor das agressões, o estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre, deu dezenas de socos em Victor, durante quase 40 segundos.
Segundo o ator, o 'estopim' foi após ele questionar se Yuri não era assumidamente gay.
"Momento que eu falo e indignado completamente, frustrado e com raiva, perguntando porque que ele tinha feito aquilo, se ele não era assumido. Enquanto ele me batia, ele falava: 'viadinho é você, e eu não sou'", relembra.
Veja, abaixo, o relato completo:
O desentendimento
Segundo Victor, ele conheceu Yuri do lado de fora de uma boate e foi convidado para a casa dele. Eles beberam vinho e assistiram a um clipe juntos. Quando a companheira de apartamento de Yuri, Karina de Assis Carvalho, chegou em casa, a situação ficou desconfortável. De acordo com o ator, houve um desentendimento entre Yuri e Karina, e ele tentou quebrar o gelo.
“Ela chegou por volta das 7h30 mais ou menos do plantão e ficou um clima completamente desconfortável. Ele ficou frio, completamente frio, distante. Eles começaram a se desentender entre eles, pois a porta estava destrancada e ele tinha aberto um vinho dela. Então eu comecei a me sentir nervoso, acuado, meio esquisito e comecei a quebrar o gelo porque eu sou assim, eu tenho essa personalidade”, relata.
No entanto, à polícia Karina alegou que Victor teve um comportamento debochado e invasivo, entrando sem bater na porta do quarto dela em várias ocasiões. Victor negou essas acusações e que tenha visto Karina nua.
"Bati na porta, ofereci um prato de comida a ela, conversei com ela. Perguntei do signo dela, brincando", relata.
Início da discussão entre Victor e Yuri
A situação escalou quando Yuri saiu do apartamento para a academia e Karina enviou várias mensagens pedindo a ele que voltasse. Segundo Victor, as agressões começaram assim que Yuri entra em casa.
"Quando ele subiu, ele já numa agressividade... Nossa, bizarra. Me colocou para fora do apartamento. Me expulsou, e me empurrou, eu caí, eu caí no corredor, e eu comecei a ficar tentando entender na minha cabeça o porquê daquela situação, daquele ato agressivo. Por ambas as partes. Não rolou nenhum tipo de conversa comigo de que eu estava sendo, na visão deles, inconveniente, jamais."
Imagens da câmera de segurança mostram que os dois discutiram por cerca de 1 minuto no andar, com a porta aberta. Victor aparece tentando abrir a porta e segue falando por mais um minuto. Na versão de Karina à polícia, o ator teria ameaçado Yuri, mas o ator contesta.
"Eu estava com raiva pela situação que eu passei e eu falei assim: 'você não tem que agir assim.'"
O estopim
Victor desceu para o térreo por um elevador, e Yuri por outro. Ao todo, foram quatro minutos de discussão entre os dois, a maior a parte na frente do porteiro que assiste a tudo.
"Eu ia embora, eu estava na portaria para isto, mas ele veio falar comigo e teve uma hora que quando a gente estava andando pelo hall, ele me empurra e eu fico mais revoltado ainda pela agressão mínima que seja."
O ator destaca o momento em que a discussão passou para a agressão. O "estopim", segundo Victor, foi após ele questionar se Yuri era assumido' quanto à sexualidade dele.
"Momento que eu falo e indignado completamente, frustrado e com raiva, perguntando porque que ele tinha feito aquilo. Se ele não era assumido".
Yuri deu o primeiro soco e espancou Victor no rosto por 37 segundos. O porteiro do prédio, Gilmar José Agostini, presenciou as agressões, mas não interveio imediatamente. Ele foi acusado de omissão de socorro.
"Não é sobre os porteiros. É sobre prestar socorro, é sobre ser empático, humano. Ele chamou o síndico depois de eu ter ligado para o 190".
Prisão
Yuri foi preso em flagrante por lesão corporal, falsidade ideológica e injúria por preconceito de natureza homofóbica. Durante a audiência de custódia, a prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva. Agora o caso passa a ser analisado pelo Ministério Público.
Para a defesa de Yuri, o estudante de medicina não é homofóbico.
"A gente afirma que não há homofobia porque o motivo que esta se falando de homofobia no processo, né, foi que as agressões teriam sido feitas a partir da revelação da identidade sexual do Yuri. Como essa identidade sexual, ela nunca foi ocultada, ele nunca teve problema que as pessoas soubessem que ele tem a identidade sexual homoafetiva, isso não seria motivo para que ele viesse a agredir qualquer pessoa que fosse", diz Lucas Oliveira, advogado.
"Quanto à lesão corporal, não há dúvidas que ocorreu como vimos no vídeo. No entanto, nós precisamos que o Yuri seja ouvido pra que ele venha a dizer qual foi o motivo especifico", completa.
Investigação
Para a polícia, o depoimento da médica Karina, amiga de Yuri em nada muda o entendimento sobre a motivação principal do crime de lesão corporal. O delegado que investiga o caso está convencido de que as agressões só aconteceram depois que o Victor teria perguntado - na frente do porteiro - se o Yuri não era assumidamente gay.
"Um negro, ele pode ser racista, e um gay pode ser homofóbico e a sexualidade ela não é aberta para todos. Isso, na visão da Polícia Civil, então configura sim ato homofóbico", destaca o delegado.
O porteiro Gilmar foi autuado por omissão de socorro. Ele prestou depoimento, disse que trabalha no prédio desde 1991, que Victor chegou a desmaiar e que logo após as agressões, Yuri foi pra academia. Que após alguns minutos interfonou ao sindico. E que não gosta de se meter na vida dos outros.
O Fantástico esteve no edifício onde Yuri e Karina moram e procurou por Gilmar - ele não estava no trabalho. A equipe também ligou para o telefone da casa dele, que consta no depoimento, mas não conseguiu falar.
Veja a reportagem na íntegra abaixo:
EXCLUSIVO: imagens inéditas mostram os momentos que antecedem as agressões ao ator Victor Meyniel no Rio
Ouça os podcasts do Fantástico:
ISSO É FANTÁSTICO
O podcast Isso É Fantástico está disponível no g1, Globoplay, Deezer, Spotify, Google Podcasts, Apple Podcasts e Amazon Music trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo.
PRAZER, RENATA
O podcast 'Prazer, Renata' está disponível no g1, no Globoplay, no Deezer, no Spotify, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, na Amazon Music ou no seu aplicativo favorito. Siga, assine e curta o 'Prazer, Renata' na sua plataforma preferida.
BICHOS NA ESCUTA
O podcast 'Bichos Na Escuta' está disponível no g1, no Globoplay, no Deezer, no Spotify, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, na Amazon Music ou no seu aplicativo favorito.