Entenda como funcionava o sistema financeiro clandestino na região de Campinas que praticava crimes operados por doleiros
Polícia Federal cumpriu mandados em dois estados. Irregularidades eram feitas por meio de evasões de divisas, fraudes em câmbio e operações ilegais de instituições. Doleiros tinham três métodos de atuação. A Polícia Federal (PF) de Campinas (SP) desmantelou, em uma operação realizada na manhã desta quinta-feira (1º), um sistema financeiro paralelo para praticar crimes por meio de de evasões de divisas, fraudes em câmbio e operações irregulares de instituições. O esquema era operado por doleiros, que atuavam como um "banco clandestino", realizando transações não autorizadas. O chefe da Polícia Federal em Campinas, Edson Geraldo de Souza, detalhou, durante coletiva nesta quinta, como funcionava o complexo esquema. Veja abaixo. Como atuava o doleiro? A função do doleiro é prestar um serviço, fora da legalidade, a qualquer pessoa ou empresa disposta a pagar taxas pelas transações. Existiam, no esquema investigado pela Polícia Federal, três atividades oferecidas. Fornecimento de moeda estrangeira sem autorização do Banco Central; Disponibilização de recursos no exterior em moeda estrangeira, por meio de contratos falsos, importações simuladas, ou compensações internacionais (conhecida como dólar cabo) Troca de valores em moeda nacional corrente via transferência Segundo a PF, normalmente, quem procura o doleiro também atua na ilegalidade, considerando que busca ocultar recursos, lavar dinheiro ou sonegar tributos. "No caso dos doleiros alvos da investigação, eles utilizavam supermercados, casa de câmbio, transportadora de valores, porque são estabelecimentos que usam muito dinheiro, dinheiro vivo, pequenos pagamentos, pequenas compras. Eles precisam desses recursos em espécie e pagam uma taxa pelo recolhimento desse dinheiro. Essas empresas não pagam tributos ou escondem receita, de forma que eles mantenham em caixa dinheiro em espécie", disse o delegado. As operações irregulares do esquema eram feitas por uma série de modalidades: dólar-cabo (sistema de envio de dinheiro ao exterior por meio de compensações financeiras), câmbio de moeda em território nacional, conversão ilícitas de créditos em dinheiro em espécie, uso de empresas de fachada, operações de importações fictícias, laranjas (que não sabiam que estavam envolvidas), testas de ferro (que emprestaram os nomes para o esquema), pagamento de boletos em benefício de terceiros e emissão de notas fiscais sem lastro (garantia). A operação No total, foram cumpridos, nos estados de São Paulo e Pernambuco, 22 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 9ª Vara Federal de Campinas, contra 15 pessoas físicas e sete jurídicas investigadas na operação. Na região de Campinas, houve cumprimento de ordens na metrópole, Itapira (SP) e Valinhos (SP), além de Águas de São Pedro (SP), na região de Piracicaba. Veja todas as cidades abaixo. Além dos mandados de busca e apreensão, a Justiça também determinou o bloqueio de R$ 16 milhões em bens e valores dos investigados. Pelo menos 94 policiais federais e 31 servidores da Secretaria da Receita Federal foram envolvidos na ação. A investigação começou em março por meio de informações obtidas em outra operação deflagrada em julho do ano passado. Investigação A corporação constatou "milhares de operações" de crédito, débito e câmbio, efetivada por pessoas e empresas - parte delas para a Ásia. Apenas entre março e junho de 2022, as empresas investigadas movimentaram R$ 5 milhões em "várias regiões do país". Entre as pessoas jurídicas de fachada, havia uma companhia de transporte que não possuía nenhum veículo. Os principais alvos são: dois doleiros, uma empresa de fachada utilizada para as movimentações, uma empresa do ramo químico e um dirigente que usaram o sistema bancário ilícito para converter créditos da conta corrente em dinheiro em espécie. Os investigados vão responder pelos crimes de gerir fraudulentamente instituição financeira; operar sem autorização instituição financeira, inclusive câmbio; usar falsa identidade para realização de operação de câmbio e evasão de divisas. As penas podem chegar a 26 anos de prisão. O nome da operação, "Clandestine Bank" (banco clandestino, na tradução do inglês), é uma referência ao complexo esquema desenvolvido pelos envolvidos para realizar as operações ilegais. Polícia Federal cumpre mandados em operação contra crimes financeiros em Campinas Divulgação/Polícia Federal VÍDEOS: saiba tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias do g1 Campinas e Região
Polícia Federal cumpriu mandados em dois estados. Irregularidades eram feitas por meio de evasões de divisas, fraudes em câmbio e operações ilegais de instituições. Doleiros tinham três métodos de atuação. A Polícia Federal (PF) de Campinas (SP) desmantelou, em uma operação realizada na manhã desta quinta-feira (1º), um sistema financeiro paralelo para praticar crimes por meio de de evasões de divisas, fraudes em câmbio e operações irregulares de instituições. O esquema era operado por doleiros, que atuavam como um "banco clandestino", realizando transações não autorizadas. O chefe da Polícia Federal em Campinas, Edson Geraldo de Souza, detalhou, durante coletiva nesta quinta, como funcionava o complexo esquema. Veja abaixo. Como atuava o doleiro? A função do doleiro é prestar um serviço, fora da legalidade, a qualquer pessoa ou empresa disposta a pagar taxas pelas transações. Existiam, no esquema investigado pela Polícia Federal, três atividades oferecidas. Fornecimento de moeda estrangeira sem autorização do Banco Central; Disponibilização de recursos no exterior em moeda estrangeira, por meio de contratos falsos, importações simuladas, ou compensações internacionais (conhecida como dólar cabo) Troca de valores em moeda nacional corrente via transferência Segundo a PF, normalmente, quem procura o doleiro também atua na ilegalidade, considerando que busca ocultar recursos, lavar dinheiro ou sonegar tributos. "No caso dos doleiros alvos da investigação, eles utilizavam supermercados, casa de câmbio, transportadora de valores, porque são estabelecimentos que usam muito dinheiro, dinheiro vivo, pequenos pagamentos, pequenas compras. Eles precisam desses recursos em espécie e pagam uma taxa pelo recolhimento desse dinheiro. Essas empresas não pagam tributos ou escondem receita, de forma que eles mantenham em caixa dinheiro em espécie", disse o delegado. As operações irregulares do esquema eram feitas por uma série de modalidades: dólar-cabo (sistema de envio de dinheiro ao exterior por meio de compensações financeiras), câmbio de moeda em território nacional, conversão ilícitas de créditos em dinheiro em espécie, uso de empresas de fachada, operações de importações fictícias, laranjas (que não sabiam que estavam envolvidas), testas de ferro (que emprestaram os nomes para o esquema), pagamento de boletos em benefício de terceiros e emissão de notas fiscais sem lastro (garantia). A operação No total, foram cumpridos, nos estados de São Paulo e Pernambuco, 22 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 9ª Vara Federal de Campinas, contra 15 pessoas físicas e sete jurídicas investigadas na operação. Na região de Campinas, houve cumprimento de ordens na metrópole, Itapira (SP) e Valinhos (SP), além de Águas de São Pedro (SP), na região de Piracicaba. Veja todas as cidades abaixo. Além dos mandados de busca e apreensão, a Justiça também determinou o bloqueio de R$ 16 milhões em bens e valores dos investigados. Pelo menos 94 policiais federais e 31 servidores da Secretaria da Receita Federal foram envolvidos na ação. A investigação começou em março por meio de informações obtidas em outra operação deflagrada em julho do ano passado. Investigação A corporação constatou "milhares de operações" de crédito, débito e câmbio, efetivada por pessoas e empresas - parte delas para a Ásia. Apenas entre março e junho de 2022, as empresas investigadas movimentaram R$ 5 milhões em "várias regiões do país". Entre as pessoas jurídicas de fachada, havia uma companhia de transporte que não possuía nenhum veículo. Os principais alvos são: dois doleiros, uma empresa de fachada utilizada para as movimentações, uma empresa do ramo químico e um dirigente que usaram o sistema bancário ilícito para converter créditos da conta corrente em dinheiro em espécie. Os investigados vão responder pelos crimes de gerir fraudulentamente instituição financeira; operar sem autorização instituição financeira, inclusive câmbio; usar falsa identidade para realização de operação de câmbio e evasão de divisas. As penas podem chegar a 26 anos de prisão. O nome da operação, "Clandestine Bank" (banco clandestino, na tradução do inglês), é uma referência ao complexo esquema desenvolvido pelos envolvidos para realizar as operações ilegais. Polícia Federal cumpre mandados em operação contra crimes financeiros em Campinas Divulgação/Polícia Federal VÍDEOS: saiba tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias do g1 Campinas e Região