Com cabeça semelhante a do papagaio, gavião-caracoleiro possui diferentes tamanhos de bico
Distribuição bimodal de bicos permite que a ave se alimente de diferentes espécies de caracóis. Registro de um gavião-caracoleiro sobrevoando o céu de Itu (SP). Aldo Nunes O gavião caracoleiro (Chondrohierax uncinatus) chama a atenção por uma série de características raras. Com cabeça semelhante a de um papagaio, o rapinante é polimórfico, ou seja, possui grande variedade de tons de plumagem. Também existem indivíduos com morfos escuros, atributo ainda mais incomum. A ave também desperta a curiosidade por possuir diferentes tamanhos de bico, aspecto "extremamente raro", como define ornitólogo especialista em aves de rapina Willian Menq. Ocorrendo em todas as idades e nos dois sexos, essa variação bimodal no tamanho do bico, com indivíduos apresentando bico grande ou pequeno, é decorrente da dieta predominante das populações. O dimorfismo do bico é uma provável solução evolutiva para sua principal fonte de alimento, os caracóis. Uma distribuição bimodal de tamanhos de bico permite que o caracoleiro se alimente de diferentes espécies e tamanhos de caracóis. Fêmea de caracoleiro flagrada no Poço das Antas, em Mongaguá (SP). Leonardo Casadei Segundo Menq, o rapinante come principalmente caracóis arborícolas (como os dos gêneros Orthalicus, Helicina e Drymaeus) e terrestres (gêneros Strophocheilus e Achatina). Também consome caramujos do grupo Pomacea, mas raramente come caranguejos, anfíbios e lagartos. Como ocorre com outras espécies, a alimentação é um fator determinante para a ocorrência do caracoleiro. Conforme o biólogo, apesar do rapinante não ser migratório, sua aparição em um local está diretamente ligada à presença de caracóis arborícolas ou terrestres. Assim, a ave não precisa realizar grandes deslocamentos em busca de alimento. Segundo o livro 'Aves de Rapina do Brasil', do pesquisador, além de possuírem dimorfismo sexual - fêmea e macho com colorações diferentes entre si -, ambos os sexos se diferenciam no tamanho. Os indivíduos medem entre 39 e 51 cm e tem envergadura de 78 a 98 cm, sendo que as fêmeas são maiores, pesam entre 235 e 360 g, enquanto os machos pesam entre 215 e 277 g. Distribuição, hábitos e reprodução O gavião-caracoleiro é encontrado em todo o território brasileiro, principalmente no litoral do Sudeste e do Nordeste. Também ocorre no restante da América do Sul e nas Américas Central e do Norte. O rapinante habita florestas associadas a áreas úmidas. É localizado em florestas primárias e secundárias, borda de matas e matas de galeria. Pode aparecer em cidades de até 1,5 mil metros de altitude, expressivamente arborizadas. Ainda conforme o guia elaborado por Menq, o caracoleiro vive solitário, em casais ou em pequenos grupos. Nas horas mais quentes da manhã, voa alto em círculos, aproveitando as correntes de ar ascendentes para manter ou ganhar altura. Grupos com 10 indivíduos ou mais podem ser vistos planando, especialmente em locais com fontes alimentares abundantes. Fêmea de caracoleiro registrada em Praia Grande (SP). Elquen Pereira O chamado mais comum da ave é um "ui-hi-hi-hi-hi", rápido e matraqueado, muito parecido com o chamado do pica-pau-de banda-branca (Dryocopus lineatus). O caracoleiro também voa de poleiro em poleiro, procurando caracóis nas folhagens das árvores ou no solo. Às vezes voa em círculos sobre a copa das árvores, caindo sobre sua presa. Captura caracóis com uma das garras, levando-os para um poleiro próximo. Para consumi-los, insere a ponta do bico na abertura da concha, quebrando progressivamente as espirais até remover as partes moles do gastrópode. No período reprodutivo, a espécie constrói um ninho fino, constituído de gravetos, geralmente de cinco a dez metros do chão. "Coloca de um a dois ovos, com período de incubação de aproximadamente 35 dias. Os filhotes saem do ninho com 40 a 50 dias de idade", descreve Menq. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente
Distribuição bimodal de bicos permite que a ave se alimente de diferentes espécies de caracóis. Registro de um gavião-caracoleiro sobrevoando o céu de Itu (SP). Aldo Nunes O gavião caracoleiro (Chondrohierax uncinatus) chama a atenção por uma série de características raras. Com cabeça semelhante a de um papagaio, o rapinante é polimórfico, ou seja, possui grande variedade de tons de plumagem. Também existem indivíduos com morfos escuros, atributo ainda mais incomum. A ave também desperta a curiosidade por possuir diferentes tamanhos de bico, aspecto "extremamente raro", como define ornitólogo especialista em aves de rapina Willian Menq. Ocorrendo em todas as idades e nos dois sexos, essa variação bimodal no tamanho do bico, com indivíduos apresentando bico grande ou pequeno, é decorrente da dieta predominante das populações. O dimorfismo do bico é uma provável solução evolutiva para sua principal fonte de alimento, os caracóis. Uma distribuição bimodal de tamanhos de bico permite que o caracoleiro se alimente de diferentes espécies e tamanhos de caracóis. Fêmea de caracoleiro flagrada no Poço das Antas, em Mongaguá (SP). Leonardo Casadei Segundo Menq, o rapinante come principalmente caracóis arborícolas (como os dos gêneros Orthalicus, Helicina e Drymaeus) e terrestres (gêneros Strophocheilus e Achatina). Também consome caramujos do grupo Pomacea, mas raramente come caranguejos, anfíbios e lagartos. Como ocorre com outras espécies, a alimentação é um fator determinante para a ocorrência do caracoleiro. Conforme o biólogo, apesar do rapinante não ser migratório, sua aparição em um local está diretamente ligada à presença de caracóis arborícolas ou terrestres. Assim, a ave não precisa realizar grandes deslocamentos em busca de alimento. Segundo o livro 'Aves de Rapina do Brasil', do pesquisador, além de possuírem dimorfismo sexual - fêmea e macho com colorações diferentes entre si -, ambos os sexos se diferenciam no tamanho. Os indivíduos medem entre 39 e 51 cm e tem envergadura de 78 a 98 cm, sendo que as fêmeas são maiores, pesam entre 235 e 360 g, enquanto os machos pesam entre 215 e 277 g. Distribuição, hábitos e reprodução O gavião-caracoleiro é encontrado em todo o território brasileiro, principalmente no litoral do Sudeste e do Nordeste. Também ocorre no restante da América do Sul e nas Américas Central e do Norte. O rapinante habita florestas associadas a áreas úmidas. É localizado em florestas primárias e secundárias, borda de matas e matas de galeria. Pode aparecer em cidades de até 1,5 mil metros de altitude, expressivamente arborizadas. Ainda conforme o guia elaborado por Menq, o caracoleiro vive solitário, em casais ou em pequenos grupos. Nas horas mais quentes da manhã, voa alto em círculos, aproveitando as correntes de ar ascendentes para manter ou ganhar altura. Grupos com 10 indivíduos ou mais podem ser vistos planando, especialmente em locais com fontes alimentares abundantes. Fêmea de caracoleiro registrada em Praia Grande (SP). Elquen Pereira O chamado mais comum da ave é um "ui-hi-hi-hi-hi", rápido e matraqueado, muito parecido com o chamado do pica-pau-de banda-branca (Dryocopus lineatus). O caracoleiro também voa de poleiro em poleiro, procurando caracóis nas folhagens das árvores ou no solo. Às vezes voa em círculos sobre a copa das árvores, caindo sobre sua presa. Captura caracóis com uma das garras, levando-os para um poleiro próximo. Para consumi-los, insere a ponta do bico na abertura da concha, quebrando progressivamente as espirais até remover as partes moles do gastrópode. No período reprodutivo, a espécie constrói um ninho fino, constituído de gravetos, geralmente de cinco a dez metros do chão. "Coloca de um a dois ovos, com período de incubação de aproximadamente 35 dias. Os filhotes saem do ninho com 40 a 50 dias de idade", descreve Menq. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente