'Tudo muito confuso', diz boliviano após tentativa de golpe no país

Tentativa de golpe foi liderada por ex-comandante do Exército, afastado após ameaçar ex-presidente Evo Morales. Comércio fechou as portas e congestionamento se formou em ruas da zona sul e centro da cidade. Bolívia sofreu tentativa de golpe nesta quarta-feira (26) Diego Torrico/Arquivo pessoal A população boliviana ainda tenta entender a tentativa de golpe de Estado que ocorreu no país, nesta quarta-feira (26). Para o engenheiro comercial Diego Torrico, de 40 anos, a situação ainda é confusa. Morador de La Paz, ele está acompanhando de perto a situação. Segundo ele, os mercados, postos de gasolina e bancos fecharam as portas para evitar danos, caso a situação escalonasse. Além disso, grandes congestionamentos se formaram na zona sul e no centro de La Paz. "É muito complicado, muitos dizem que é um autogolpe, outros dizem que é um golpe militar, está tudo muito confuso", disse ao g1. Torrico conta que a população está acompanhando toda a situação pelas rádios, redes sociais e televisão, porém, ainda é difícil entender o que aconteceu. A falta de informações claras tem dado margem para teorias conspiratórias. "Como fortalecer um presidente que enfrenta uma crise econômica? É só desviar o foco e convertê-lo em mártir. Como? Criando um autogolpe, com um comandante que já vai deixar o serviço ativo, com a respectiva remuneração financeira", argumenta o engenheiro. Ele se refere ao atual presidente boliviano, Luis Arce, que vem perdendo popularidade pela situação econômica do país e após serem descobertos casos de corrupção no governo. "Parece que foi algo encenado", finaliza. A tentativa de golpe provocou uma reação de pessoas em outras partes do país, na cidade de Cobija, na fronteira com o Acre, manifestantes fizeram uma motociata em apoio a Arce e se posicionando contra os golpistas. Um vídeo foi postado em redes sociais. Manifestantes vão às ruas em apoio ao presidente boliviano após tentativa de golpe no país Golpe foi desmobilizado A Bolívia sofreu nesta quarta-feira (26) uma tentativa de golpe de Estado liderada pelo ex-comandante do Exército do país. Tanques do Exército e militares armados chegaram a invadir o palácio presidencial, em La Paz, a antiga sede do governo que ainda funciona para atos protocolares. A tentativa de golpe, segundo o governo, foi arquitetada pelo general Juan José Zuñiga, afastado do cargo de comandante do Exército após fazer ameaças ao ex-presidente Evo Morales -- ele afirmou que prenderia Morales caso o ex-presidente volte ao poder. Após cerca de quatro horas de tensões que incluíram um cara a cara entre o presidente, Luis Arce, e Zuñiga (leia mais abaixo), o movimento foi desmobilizado por ordem de Arce, e militares deixaram o local. Em pronunciamento, Luis Arce destituiu o general e os comandantes da Marinha e da Aeronáutica, nomeou novos chefes para as forças e ordenou a desmobilização das tropas. Presidente da Bolívia denuncia golpe do Exército AO VIVO: Presidente da Bolívia denuncia tentativa de golpe; siga Polêmico, Zuñiga já vinha protagonizando um embate com o governo nos últimos meses. Na segunda-feira (24), no entanto, ele subiu o tom de suas declarações ao afirmar que prenderia Evo Morales caso o ex-presidente, que vai concorrer às eleições no país, volte a se eleger. Na terça-feira (25), senadores anunciaram um processo judicial contra o agora ex-comadante do Exército. O novo comandante do Exército nomeado pelo presidente boliviano desmobilizou as tropas, e os tanques começaram a se retirar do palácio presidencial e da praça Murillo, em frente ao palácio. Zuñiga, que foi à praça Murillo disse a TVs locais que o movimento era uma "tentativa de restaurar a democracia" na Bolívia e de libertar prisioneiros políticos. Após a invasão, Arce confrontou Zuñiga pessoalmente na porta do palácio presidencial (veja vídeo abaixo). Na discussão, o presidente ordenou que o ex-comandante do Exército desmobilizasse as tropas. Presidente da Bolívia discute com comandante do Exército acusado de tentar golpe A Suprema Corte da Bolívia também condenou a tentantiva de golpe e pediu à comunidade internacional que se mantenha "vigilante e apoio a democracia na Bolívia". O ex-presidente da Bolívia Evo Morales, que rompeu com Arce no ano passado mas faz parte do mesmo movimento do atual presidente, afirmou tratar-se de um golpe de Estado. Segundo Morales, um regimento rebeldo do Exército chegou a colocar francoatiradores em uma praça de La Paz. Presidente da Bolívia diz que país sofre tentativa de golpe de estado Veja onde ocorreu invasão de militares a palácio presidencial na Bolívia Arte g1 Veja o que se sabe até agora sobre o episódio: O presidente, Luis Arce, e o ex-presidente Evo Morales falaram em golpe de Estado. Em comunicado em suas redes sociais, Arce também pediu que a democracia seja respeitada. Algumas unidades do Exército foram vistas agrupadas em praças e ruas da capital. Segundo testemunhas da agência de notícia Reuters, um tanque do Exército foi visto entra

'Tudo muito confuso', diz boliviano após tentativa de golpe no país

Tentativa de golpe foi liderada por ex-comandante do Exército, afastado após ameaçar ex-presidente Evo Morales. Comércio fechou as portas e congestionamento se formou em ruas da zona sul e centro da cidade. Bolívia sofreu tentativa de golpe nesta quarta-feira (26) Diego Torrico/Arquivo pessoal A população boliviana ainda tenta entender a tentativa de golpe de Estado que ocorreu no país, nesta quarta-feira (26). Para o engenheiro comercial Diego Torrico, de 40 anos, a situação ainda é confusa. Morador de La Paz, ele está acompanhando de perto a situação. Segundo ele, os mercados, postos de gasolina e bancos fecharam as portas para evitar danos, caso a situação escalonasse. Além disso, grandes congestionamentos se formaram na zona sul e no centro de La Paz. "É muito complicado, muitos dizem que é um autogolpe, outros dizem que é um golpe militar, está tudo muito confuso", disse ao g1. Torrico conta que a população está acompanhando toda a situação pelas rádios, redes sociais e televisão, porém, ainda é difícil entender o que aconteceu. A falta de informações claras tem dado margem para teorias conspiratórias. "Como fortalecer um presidente que enfrenta uma crise econômica? É só desviar o foco e convertê-lo em mártir. Como? Criando um autogolpe, com um comandante que já vai deixar o serviço ativo, com a respectiva remuneração financeira", argumenta o engenheiro. Ele se refere ao atual presidente boliviano, Luis Arce, que vem perdendo popularidade pela situação econômica do país e após serem descobertos casos de corrupção no governo. "Parece que foi algo encenado", finaliza. A tentativa de golpe provocou uma reação de pessoas em outras partes do país, na cidade de Cobija, na fronteira com o Acre, manifestantes fizeram uma motociata em apoio a Arce e se posicionando contra os golpistas. Um vídeo foi postado em redes sociais. Manifestantes vão às ruas em apoio ao presidente boliviano após tentativa de golpe no país Golpe foi desmobilizado A Bolívia sofreu nesta quarta-feira (26) uma tentativa de golpe de Estado liderada pelo ex-comandante do Exército do país. Tanques do Exército e militares armados chegaram a invadir o palácio presidencial, em La Paz, a antiga sede do governo que ainda funciona para atos protocolares. A tentativa de golpe, segundo o governo, foi arquitetada pelo general Juan José Zuñiga, afastado do cargo de comandante do Exército após fazer ameaças ao ex-presidente Evo Morales -- ele afirmou que prenderia Morales caso o ex-presidente volte ao poder. Após cerca de quatro horas de tensões que incluíram um cara a cara entre o presidente, Luis Arce, e Zuñiga (leia mais abaixo), o movimento foi desmobilizado por ordem de Arce, e militares deixaram o local. Em pronunciamento, Luis Arce destituiu o general e os comandantes da Marinha e da Aeronáutica, nomeou novos chefes para as forças e ordenou a desmobilização das tropas. Presidente da Bolívia denuncia golpe do Exército AO VIVO: Presidente da Bolívia denuncia tentativa de golpe; siga Polêmico, Zuñiga já vinha protagonizando um embate com o governo nos últimos meses. Na segunda-feira (24), no entanto, ele subiu o tom de suas declarações ao afirmar que prenderia Evo Morales caso o ex-presidente, que vai concorrer às eleições no país, volte a se eleger. Na terça-feira (25), senadores anunciaram um processo judicial contra o agora ex-comadante do Exército. O novo comandante do Exército nomeado pelo presidente boliviano desmobilizou as tropas, e os tanques começaram a se retirar do palácio presidencial e da praça Murillo, em frente ao palácio. Zuñiga, que foi à praça Murillo disse a TVs locais que o movimento era uma "tentativa de restaurar a democracia" na Bolívia e de libertar prisioneiros políticos. Após a invasão, Arce confrontou Zuñiga pessoalmente na porta do palácio presidencial (veja vídeo abaixo). Na discussão, o presidente ordenou que o ex-comandante do Exército desmobilizasse as tropas. Presidente da Bolívia discute com comandante do Exército acusado de tentar golpe A Suprema Corte da Bolívia também condenou a tentantiva de golpe e pediu à comunidade internacional que se mantenha "vigilante e apoio a democracia na Bolívia". O ex-presidente da Bolívia Evo Morales, que rompeu com Arce no ano passado mas faz parte do mesmo movimento do atual presidente, afirmou tratar-se de um golpe de Estado. Segundo Morales, um regimento rebeldo do Exército chegou a colocar francoatiradores em uma praça de La Paz. Presidente da Bolívia diz que país sofre tentativa de golpe de estado Veja onde ocorreu invasão de militares a palácio presidencial na Bolívia Arte g1 Veja o que se sabe até agora sobre o episódio: O presidente, Luis Arce, e o ex-presidente Evo Morales falaram em golpe de Estado. Em comunicado em suas redes sociais, Arce também pediu que a democracia seja respeitada. Algumas unidades do Exército foram vistas agrupadas em praças e ruas da capital. Segundo testemunhas da agência de notícia Reuters, um tanque do Exército foi visto entrando no palácio presidencial, em La Paz. O presidente da Bolívia, Luis Arce, afirmou nesta quarta (26) que as Forças Armadas de seu país estão fazendo "mobilizações irregulares". "Convocamos uma mobilização nacional para defender a democracia diante do golpe de Estado que o general Zuñiga está gestando", disse Morales. "Não permitiremos que as Forças Armadas violentem a democracia e amedrontem o povo". Em comunicado, Zuñiga falou que "as coisas vão mudar", embora não tenha confirmado o golpe de Estado. "Os três chefes das Forças Armadas vieram expressar a nossa consternação. Haverá um novo gabinete de ministros, certamente as coisas vão mudar, mas o nosso país não pode continuar assim", disse o general Juan José Zuniga a uma estação de televisão local. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou apoio a Luis Arce e disse condenar a tentativa de golpe. "A posição do Brasil é clara. Sou um amante da democracia e quero que ela prevaleça em toda a América Latina. Condenamos qualquer forma de golpe de Estado na Bolívia e reafirmamos nosso compromisso com o povo e a democracia no país irmão", declarou Lula. O presidente de Honduras, atualmente na presidencia da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), também falou em golpe de estado e pediu uma reunião de emergência dos Estados membros -- o Brasil é um deles. FOTOS: Veja imagens da mobilização militar desta quarta VÍDEO: Veja momento em que tanques avançam sobre palácio presidencial RELEMBRE: Em 2019, golpe militar na Bolívia fez Evo renunciar à Presidência Soldados bolivianos protegem palácio presidencial na Praça Murillo em La Paz, na Bolívia, em 26 de junho de 2024. AP Photo/Juan Karita A Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou a movimentação e pediu respeito à democracia. A ex-presidente da Bolívia, Jeanine Añez -- de oposição a Arce -- também condenou a movimentação dos militares. "Repúdio total à mobilização de militares na praça Murillo (em frente ao palácio presidencial) pretendendo destruir a ordem constitucional", disse. "Nós boliviamos defendemos a democracia". Em um comunicado em suas redes sociais, Arce também pediu que a democracia seja respeitada. Initial plugin text Após cerca de quatro horas, O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que está torcendo para que a democracia prevaleça no país, e que "golpe nunca deu certo". O Itamaraty disse que o govero brasileiro "está atento ao que está ocorrendo na Bolívia". Turbulência política Nos últimos cinco anos, a Bolívia viveu diversos momentos de turbulência política. Em 2019, o terceiro mandato de Evo Morales foi interrompido por um golpe de estado que se seguiu a um movimento de protesto e greves reunindo setores populares, de classe média e empresariais. Evo havia acabado de ser eleito no primeiro turno das eleições presidenciais, em outubro, para um quarto mandato --que não tinha cobertura institucional. Ele renunciou à presidência e deixou a Bolívia. Após Morales deixar o cargo, Jeanine Áñez Chávez se autoproclamou presidente interina da Bolívia. Ela os apoiadores do golpe foram presos em 2021, junto com o ex-comandante do Exército boliviano Jorge Pastor Mendieta Ferrufino, que liderou o golpe em 2019, segundo a Agência Boliviana de Informação. Em 2008 também houve tentativa de golpe, mas que fracassou. O governo da Bolívia denunciou o início de um "golpe civil" realizado pela oposição conservadora do Departamento de Santa Cruz, mas descartou a possibilidade de decretar um estado de sítio para diminuir a tensão política. Arce e Evo Morales, que eram aliados, agora são adversários por causa das eleições presidenciais de 2025. Morales será o candidato do MAS. A legenda governista que Morales lidera afastou Arce por ele se recusar a participar do congresso do (MAS), realizado entre terça e quinta-feira em Cochabamba.